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Como o Brasil pode se desarmar dos riscos da crise?

O que o futuro guarda para o Brasil, já que o presente não está sendo muito promissor? A esperança do empresariado brasileiro se volta para que as mudanças recentes no comando da economia resultem em melhorias no cenário econômico.

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Para vencer a crise sua empresa necessita de uma grande contabilidade: a Confirp

Contudo, na visão dos especialistas, o caminho não será simples, sendo necessárias mudanças drásticas e, muitas vezes, sacrifícios por parte de vários setores.

O novo ministro da Fazenda Henrique Meireles já alertou que a situação a ser enfrentada é muito preocupante, sinalizando que se não ocorrerem ajustes imediatos e que poderemos enfrentar a pior recessão da história do país. Porém, com sua posse e de sua equipe econômica, algumas previsões já melhoraram. Com as propostas feitas pelo governo em exercício de organizar a economia ganhando corpo, as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) apresentaram recuperação. Dados coletados pelo Banco Central mostram números melhores para 2016 e 2017.

Segundo o Boletim Focus, uma publicação semanal que reúne projeções de 100 analistas, as previsões para o próximo ano melhoraram, sendo que, em 15 de abril, essas previsões mostravam um avanço do PIB de 0,20%. Em junho, dois meses depois, registram 1% de alta. Para 2016, a expectativa de queda também recuou, sendo que já chegaram a beirar uma queda de 4% no PIB e, agora, a projeção é de 3,60%. Um cenário que ainda é preocupante, principalmente, com projeções alarmantes de aumento de desemprego.

Para Malan, equipe é acerto

Para os principais economistas do país, não é hora de desespero. Segundo artigo de Pedro Malan, um dos arquitetos do Plano Real e ministro da Fazenda durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, “situações muito difíceis não implicam a inexistência de opções. E as primeiras são por escolher pessoas adequadas para postos-chave. Na área econômica e nos seus primeiros dias, Temer e Meirelles acertaram em cheio nas escolhas de Ilan Goldfajn para o Banco Central, de Pedro Parente para a Petrobras, de Maria Silvia Bastos Marques para o BNDES e de Eduardo Guardia para a Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, entre outros”.

Ainda segundo ele, todos têm experiência, profissionalismo, capacidade técnica, maturidade e visão realista dos problemas a enfrentar na economia, para começar a recuperar a credibilidade perdida nas áreas da gestão macroeconômica e setorial que hoje tolhem a retomada do crescimento. “Todos sabem que, em última análise, nas arenas do Legislativo e do Judiciário, decisões-chave terão de ser tomadas, mas que o Executivo tem de formular sua agenda. E que gente boa é capaz de atrair e reter gente boa, de dentro e de fora do setor público. Em ambos, há muitas pessoas competentes em condições de e com vontade de servir ao país, e não de ocupar espaço na máquina pública para a aparelhagem política em benefício próprio e/ou de partido no poder”.

Fraga lamenta herança

Durante homenagem na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, onde foi eleito ‘Homem do Ano’, o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, afirmou que Michel Temer herdou um sistema de crescimento quebrado e finanças públicas insustentáveis. A presidente afastada Dilma Rousseff teria deixado a economia “ameaçada pela insolvência”.

Para ele, no entanto, nem tudo está perdido, sendo que o país possui instituições fortes com atuações destacadas. “Polícia Federal, Judiciário, promotores, congresso e imprensa livre estão fazendo sua parte”, declarou. Fraga ressaltou ainda que “as crises econômica, política e moral têm raízes comuns” e seriam o resultado de “um mau funcionamento dos mecanismos de governança do Estado”. Já com relação ao novo governo, ele se mostrou otimista: “aberto e realista quanto aos desafios pela frente”, caracterizou.

De acordo com Fraga, é preciso que se crie uma “cultura de esforço” para o país sair da crise. “Não sei como uma nação pode realizar seu potencial sem uma cultura de esforço, mérito e confiança”. Para ele, muitos dos problemas brasileiros são causados pela crença de que o aparato estatal pode cuidar de todos os setores. “Há uma excessiva fé na habilidade do governo de tomar conta de tudo e de todo mundo”, comentou.

Maílson acredita na necessidade de impostos

Para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, os desafios da nova equipe econômica são muito grandes, principalmente no campo fiscal, tendo que buscar a redução da relação entre a dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB). Para isso, ele acredita ser necessário aumentar impostos, além de diminuir incentivos fiscais.

“Por mais desagradável que isso seja, por pior que seja a CPMF, sem ela fica pior. Acredito que o governo aumentará a alíquota da Cide. Nesse caso, há duas vantagens: a elevação pode ser feita por decreto e há efeitos colaterais positivos, porque estimula a expansão do agronegócio e a redução de combustíveis fósseis, ajudando o meio ambiente”.

O ex-ministro ainda avaliou que o governo Temer passará um “pente fino” em alguns programas, embora o efeito disso seja muito pequeno. Mas, para ele, a primeira batalha do novo governo foi ganha, já que houve uma reversão inicial de expectativas negativas. “A expectativa mudou para melhor: as pessoas estão acreditando que agora temos uma gestão muito séria na Fazenda, que acabaram as pedaladas, a contabilidade criativa e que a área econômica tem um rumo; pode até não ser materializado por questões políticas, mas seguramente é melhor para o país e agora vai depender mais da habilidade política. Tem que abrir a economia e não é preciso uma reforma constitucional: é uma questão de decisão.”

Loyola acredita no benefício da Lava Jato

Por mais que neste momento as investigações da Lava Jato sejam prejudiciais para algumas empresas brasileiras, em um período maior de tempo, o resultado será positivo, essa é a opinião do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.

Ele explica que, nesse momento, as investigações afastam investimentos e levam as empreiteiras envolvidas em esquemas de corrupção a estados de insolvência que, muitas vezes, desencadeiam em falências ou recuperações judiciais. Contudo, em longo prazo, a operação trará efeitos positivos ao mercado, já que a demonstração de força das instituições aumentará a segurança jurídica e atrairá recursos para as empresas nacionais.

Porém, o mais importante é que, com a visibilidade e investigação sobre esquemas de corrupção na Petrobras, se torna importante para empresas e entes estatais a implantação de sistemas de compliance para prevenir a prática de crimes, o que melhora a concorrência e a torna mais justa.

“Do ponto de vista econômico, a corrupção é um fator de ineficiência por ser uma espécie de burlar as regras do jogo. É como se, em um jogo de futebol, alguns jogadores fizessem gols com a mão e o juiz sempre os validasse”, comparou. Ele lembra que o país vive um risco em função de suspeitas de corrupção que ainda existem no governo, lembrando que as denúncias políticas impactam no valor do real perante outras moedas, na taxa de juros e, em menor grau, na bolsa de valores. Isso porque as revelações de que integrantes do governo estariam envolvidos em esquemas de corrupção ou obstrução da Justiça colocam em dúvida a capacidade do presidente interino Michel Temer (PMDB) de concretizar as medidas econômicas que anunciou.

Os cinco pontos de Skaf

Já o presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, que lutou por mudanças no governo, demostra preocupação com as medidas tomadas ultimamente e listou cinco pontos que devem ser resolvidos no curto prazo para permitir a retomada da confiança e a recuperação do crescimento do país. Os pontos são o não aumento de impostos, a redução dos juros, o destravamento do crédito, o desengessamento dos investimentos em infraestrutura e o estímulo à exportação.

Para Skaf, há muitos outros pontos importantes a atacar no Brasil, mas essas cinco medidas são emergenciais para a recuperação da confiança e destravar o investimento. “Com investimento, com consumo, a roda da economia anda”, afirmou Skaf. Essa retomada do crescimento, para o presidente da Fiesp, começaria a resolver os problemas de todo mundo. “No momento em que a confiança for retomada, vamos fazer com que o Brasil saia deste círculo vicioso de não ter investimento, não ter consumo, não ter emprego, para um círculo virtuoso de investimento, consumo, emprego, geração de riqueza, empreendedorismo, tudo aquilo que forma uma nação.”

Com o desemprego atingindo quase 12 milhões de pessoas, de acordo com Skaf, é preciso inverter a situação, gerando empregos, dando oportunidades, tendo empreendedorismo.

Caminho para o empresário vencer a crise

Mesmo com os números da economia que não são nada positivos, todos os especialistas procurados possuem uma boa visão para o futuro do país, acreditando que estão havendo acertos. Contudo, para os empresários, essas expectativas em longo prazo não resolvem o problema imediato que o período já atravessado de crise ocasionou, se tornando primordiais ações emergenciais com reavaliações de planejamentos empresariais elaborados e projeções.

Em momentos como este, o que não adianta é ficar parado, atônito, vendo a coisa acontecer. Essa atitude é danosa; a solução é arregaçar as mangas, usar o máximo do coeficiente de adversidade e criatividade e ir para cima. Na seleção natural, sobrevivem os mais fortes. É importante que o empresário saiba usar a informação, podendo pesquisar e aprender com exemplos alheios, analisar tendências e ser mais assertivo nas estratégias.

Uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review analisou a performance de 4.700 empresas ao longo das três recessões globais anteriores. São elas: a crise de 1980, a recessão de 1990 e o estouro da bolha ponto com de 2000. Foram analisadas informações de três anos antes da crise, durante a crise e três anos depois. O resultado foi o seguinte: 17% das empresas não sobreviveram – faliram ou foram adquiridas. Das que sobreviveram, 80% não retomaram o crescimento anterior à crise e mais da metade diminuiu de tamanho. Apenas um pequeno grupo, cerca de 9% das companhias, prosperaram após um abrandamento da crise.

O que essas empresas fizeram na ocasião ainda serve e vem sendo aplicado no momento atual por algumas companhias; isto significa que, para se diferenciar, as empresas terão que fazer algo a mais e muitas delas já estão fazendo, ou seja, deve imperar a capacidade do gestor em ter uma visão ampla da empresa e do mercado, com dados confiáveis que possibilitarão a tomada de decisões assertivas sobre decisões e investimentos, o que não é simples e exige constante capacitação.

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